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Turismo de Saúde – Parte I

Turismo de Saúde é uma área de negócios em crescimento explosivo no planeta. Define-se turismo de saúde como sendo o deslocamento de pessoas, em plano regional ou internacional, em busca de tratamento médico ou hospitalar. Sendo uma definição aberta, as estimativas de mercado variam conforme os critérios definidos por cada instituto de pesquisa.

Tem aqueles que consideram apenas os serviços médicos e hospitalares providos aos pacientes. Para estes, o mercado mundial de turismo de saúde é de U$ 32 bilhões. Em um plano intermediário, estão os institutos que agregam também as despesas daqueles que vão em spas de embelezamento e outros procedimentos de natureza meramente cosmética.  Neste caso, o setor movimenta algo como U$ 100 bilhões. Por fim, há os que estimam a totalidade do impacto econômico de uma viagem em busca de tratamento, incluindo os custos de transporte aéreo, hospedagem, as despesas do acompanhante, a aquisição de medicamentos, serviços de home care ou reabilitação, seguros de viagem, transporte terrestre, gastos com alimentação e por ai vai. Neste caso, o impacto econômico total do turismo de saúde atinge U$ 220 bilhões no planeta inteiro. Todas as estimativas se referem ao ano de 2023.

Onde parece haver pouca discordância é na taxa de crescimento anual do mercado. Todos os institutos convergem suas estimativas para números entre 13% e 14% CAGR. Ou seja, qualquer que seja o tamanho real do mercado, ele irá dobrar nos próximos 10 anos.

Pessoas viajam em busca de tratamentos melhores ou mais baratos. Dados da International Healthcare Research Center (IHRC) apontam que o Brasil recebia cerca de 55.000 turistas de saúde por ano antes da pandemia, a grande maioria vindo os países vizinhos: Venezuela, Peru, Bolivia, Paraguai e Uruguai.

Aqui no Brasil os pacientes permanecem em média dois meses, viajam acompanhados e gastam por volta de 50 mil dólares. Não há nenhum dado sobre o turismo de saúde interno, ou seja, de brasileiros de cidades menos aparelhadas que viajam para centros maiores em busca de tratamento.

Antes de falar sobre o Brasil e o potencial desse mercado, vamos recapitular a história do turismo de saúde. É útil para entender onde estamos e, principalmente, para onde podemos ir.

Anos 90 – “Medical Travel”

Foi nos anos 90 que as viagens em busca de tratamento médico deixaram de ser atividade de milionários e começaram a se tornar mais acessíveis. Na época, usava-se a expressão “Medical Travel” para viagens de turismo que incluíssem alguma coisa relacionada à saúde. Não se pensava ainda em viagens planejadas para longas estadias e tratamentos. Era apenas um produto turístico turbinado com a oportunidade de se beneficiar de alguns serviços médicos no local de destino.

Início dos anos 2000 – “Medical Value Travel”

Com o aumento do interesse das pessoas nos serviços médicos de outros países, começam a surgir as viagens planejadas, focadas principalmente em buscar tratamentos especializados. Surge a indústria de turismo de saúde. Por essa época, multiplicavam-se os nomes pelos quais esses programas eram ofertados: Destination Health, Health Excellence, Excellence Medicine, Medical Value Travel.

Final dos anos 2000 – “Internacional Patient Services”

As seguradoras e operadoras de planos de saúde descobrem que, para certos procedimentos, é mais barato pagar pela viagem e tratamento do paciente em outros país. O movimento de internacionalização do atendimento médico, estimulado pelas grandes empresas do setor de saúde, intensifica-se. A recém-criada Medical Tourism Association passa a reconhecer a gestão destes serviços como “International Patient Services”. Preço deixa de ser o único driver de mercado. Crescem as expectativas dos pacientes, bem como a necessidade de se monitorar a qualidade dos procedimentos e atendimentos oferecidos em outros países.

Meados dos anos 2010 – “Medical Tourism”

Em 10 anos, o antes desconhecido Turismo de Saúde estabelece-se como atividade econômica significativa, beneficiando alguns países que se tornaram destinos preferidos em função do menor custo e boa qualidade dos serviços médicos oferecidos, quando comparado aos países desenvolvidos: Costa Rica, Índia, Tailândia, Malásia e México encabeçavam a lista.

Anos 2020 Pré-Pandemia – “Medical Tourism Industry”

Alguns países, em especial os asiáticos, incorporam o Turismo de Saúde em seus planejamentos nacionais como estratégia para alavancar tanto a indústria de turismo quando o setor de saúde, estimulando o crescimento econômico e a geração de empregos qualificados.

Fatores que impulsionam o crescimento do Turismo de Saúde no mundo

O Turismo de Saúde é um dos muitos mercados da economia prateada dado que boa parte dos viajantes são 50+. Portanto, os fatores que o estimulam são similares aos de qualquer outro mercado composto por consumidores maduros:

  • Continuo envelhecimento da população mundial
  • Com consequente aumento das doenças degenerativas e outras relacionadas com a idade
  • Falta de acesso a serviços de saúde de qualidade em determinados países emissores
  • Aumento dos custos com saúde nas economias desenvolvidas
  • Aumento da oferta de serviços médicos de boa qualidade a custos mais acessíveis em países em desenvolvimento
  • Longos tempos de espera para obtenção do tratamento em alguns países
  • Facilidades e custos razoáveis de viagem e hospedagem

Também colaboram na expansão dessa pujante atividade econômica:

  • Fácil acesso a informações via internet
  • Maior e melhor exposição do tema na mídia
  • Governos, empregadores e seguradoras enviando cada vez mais pacientes ao exterior para atendimento médico
  • A adoção de novas tecnologias, como a telemedicina, permitindo que os médicos monitorem remotamente os sinais vitais do paciente ou participem de uma consulta on-line com um paciente distante
  • O crescimento do número de multinacionais que gerenciam, de forma global, os cuidados com a saúde a seus funcionários

No segundo artigo desta série, vamos conhecer em mais detalhes o status atual da indústria de turismo de saúde no Brasil pós-pandemia, e no mundo como um tudo

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