Você, maduro ou madura, é feliz? De verdade? Sério mesmo?
Uma parte dos que pensam sobre a turma dos 50+ enaltece as coisas boas que vem com a idade. Eu próprio comentei, no texto da semana passada, sobre a inesgotável energia que a geração baby boomer tem.
Mas nem tudo são flores quando se fala dos longevos. Há um aspecto que impacta a vida de todos: a rejeição. Como maduros, somos rejeitados repetidamente. Tem gente que lida bem com isso. Mas muita gente, não. Essas pessoas sofrem. As próprias pesquisas que o Observatório da Longevidade tem acesso regularmente indicam isso. A rejeição é tão significativa que a população mais velha é considerada um dos 5 vetores mais importantes em programas de inclusão e diversidade.
Um campo evidente de rejeição é o profissional, onde o espaço ocupado pelos maduros é desproporcionalmente pequeno. Socialmente, os mais velhos são os tiozões que não acompanham as temáticas emergentes, que não dominam tecnologia. Para o governo, os mais velhos são custo, principalmente na saúde e na previdência. Já a geração de meia idade se sente meio limitada no que pode fazer na vida em função dos pais. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer “não dá pra sair no sábado à noite porque tenho de cuidar dos meus velhos?”. Tem também o problema da queda da renda ao se aposentar, com efeitos no padrão de vida. Enfim, se você é um “velho”, há boas chances de você vestir essa carapuça, mesmo que inconscientemente.
Resultado: sua autoestima vai diminuindo paulatinamente. Com ela, sua autoconfiança. E com ambas, a imagem que você faz de você mesmo. Se isso perdurar por muito tempo, é possível que você se veja enfiado em um buraco emocional, se sentindo carente, pouco produtivo e pouco importante.
Tudo isso se soma a sinais naturais vindos com a idade. As mudanças no nosso corpo são óbvias. Estão lá no espelho, na perda de fôlego quando você resolve brincar com uma criança, em ficar com sono às 11hs da noite (mesmo que você esteja em alguma das pouquíssimas baladas para maduros), em ser chamado de senhor em qualquer lugar que você vá, em ver pessoas gentis cederem o lugar no metrô
Falando em balada, a paquera é outro campo de dificuldades. É intuitivo para todos nós que o flerte começa com atração física. Você bate o olho em alguém que te desperta interesse. De acordo com os psicólogos e neurocientistas, essa atração é sexual. Você decide abordar a pessoa e só depois de estabelecer um contato bem-sucedido com base na atração física é que os demais aspectos entram na avaliação que os parceiros se fazem: postura, cuidados pessoais, inteligência, bom humor, conversação agradável, planos de futuro e identificação com a história de vida do outro.
Só que tudo começa com a bendita atração física. Mas se você se enxerga velho e pouco atraente, será difícil projetar algo que atraia a atenção da outra pessoa. Talvez você não tenha mais aqueles músculos lindos ou seios empinados. Talvez os cabelos estejam brancos e a minissaia esquecida no armário. Se você não vê valor em si, se seu tesão repousa nas memórias de um passado glorioso, você acabará se auto sabotando. E a possibilidade de reconstruir a vida afetiva, caso seja solteiro/a, descasado/a ou viúvo/a (caso da maioria, segundo as pesquisas), fica muito reduzida
A visão depreciada de si mesmo é o maior obstáculo que a pessoa madura enfrenta na busca da felicidade. Nada de bom irá ocorrer na sua vida se você não estiver se dando o devido valor. Uma frase muito repetida pelos psicólogos é que as pessoas só te dão o valor que você dá a si mesmo. Se você não se enxergar como uma pessoa de valor, seu potencial empregador, a paquera (ou flerte, ou crush, ou o que for), os contatos nos diversos círculos de relacionamento profissional e as pessoas em geral também não irão te enxergar como alguém de valor
Quer ser feliz na maturidade? Olhe primeiro para você. Cuide-se. Repagine-se. Redefina seus objetivos pessoais e profissionais. Recupere sua energia vital. Reconecte-se. Foque em si. Saia do buraco. Goste de você. Faça o que sempre teve vontade de fazer e nunca fez. Coloque-se na sua posição de direito: no topo do seu pedestal.
Nada melhor do que o autoconhecimento para você entender quem de fato você é, valorizar todas as muitas qualidades que certamente você tem e trabalhar aquilo que eventualmente não esteja legal. O autoconhecimento reduzirá sua dependência da validação alheia, trará mais controle emocional e lhe colocará no comando do seu destino.
Se sua meta é construir uma segunda ou terceira carreira, embarcar em um novo relacionamento afetivo, obter visibilidade profissional, impactar a sociedade ou deixar um legado relevante, se autoconhecer é fundamental
Entenda que você é uma pessoa de alto valor. Ao se convencer disso, e passar a agir de acordo, tudo à sua volta mudará. As oportunidades virão. Você atrairá pessoas interessantes, que te alimentarão com novas ideias, reforçando o círculo virtuoso e positivo de reconstrução pessoal
A idade não nos define. Nossa cabeça, sim. Pense em você. Se coloque como a pessoa mais importante que existe. E seja feliz